Amadurecimento Musical

Olhando para trás é engraçado ver como o tempo passa e o amadurecimento mudam tudo em nossa vida. Inclusive nosso digamos assim, “paladar musical”.

Falo por experiência própria, e imagino que não seja só comigo.

Descobri o rock um tanto quanto cedo, numa época em que ainda se tocava muito esse tipo de som nas rádios. Me lembro a primeira vez em que ouvi The Unforgiven do Metallica na rádio. Foi como se um sentimento de êxtase tomasse conta de minha pessoa, dava pra sentir toda a dor, remorso, sentimento e peso que a música tinha. Mas vale lembrar que antes disso de toda essa progressão acontecer, sempre pirava no som do nosso menino Michael Jackson, sim o príncipe do pop, e por que não do rock também? Dos vinis do Elvis que minha mãe passava o dia todo ouvindo, do vinil do Nazareth, de ver minha mãe igual uma menininha histérica ouvindo uma música do Bon Jovi ou do Aerosmith. Dela limpando a casa ouvindo Bonie Tyler e cantando aos berros (risos). Tinha meu pai também, que apesar de como (acho eu) 90% dos pais gostar muito de Roberto Carlos, e dos seus sertanejos raiz, sempre escutava Elthon Jhon, Bee Gees, Eric Clapton, B.B King e o Dire Straits (que de tanto ele ouvia, eu decorei todas as músicas de trás pra frente).
Não cresci em um ambiente único e exclusivo do rock, mas sim em um ambiente onde se ouvia de tudo um pouco, inclusive música clássica. De certa forma isso meio que afinou meus ouvidos para reconhecer quando algo é bom, independente do gênero musical (e mesmo eu não sendo músico profissional também).

Mas voltando ao episódio da música do Metallica, onde foi a época que de fato eu descobri aquele som mais pesado, que apesar de eu já gostar muito de Guns N’ Roses na época, me deixou estupefato. Aquilo me atiçou a curiosidade, e comecei a procurar saber mais sobre esse gênero de música, onde numa época que não tinha internet o boca a boca era a única saída. Então fui conhecendo outras bandas e com sons ainda mais pesados.
Lembro que pedi de natal a minha mãe um CD do Metallica, e bom, ela atendeu o meu pedido. Eu confesso que esperava ganhar um Black Album, mas ela me deu o Ride The Lighting (que foi o que ela encontrou primeiro). Meu Deus como aquele álbum é bom, perdi as contas de quantas pilhas eu queimei no discman ouvindo aquele CD inteiro repetidamente inúmeras vezes. (pra quem não sabe, discman é um toca cd “portátil” deem um google aí que vocês saberão do que estou falando) dali em diante entrei na fase “trevosão”, que só ouvia som pesado e o que não fosse isso não era bom. Naquela época por exemplo, apesar de meus pais ouvirem bastante Queen, eu não suportava ouvir, achava o som “horrível” (Peço perdão, mas como muitos ai também passaram pela fase de “aborrecente” entendem o que estou dizendo).

Depois de alguns anos estourou o metal melódico, foi bem na época em que o Angra estava fazendo muito sucesso na época do Edu Falaschi, mas eu não suportava ouvir Angra por achar muito “modinha”, preferia mil vezes Rhapsody. Meus “véios” arrepiando nos flashback no aparelho de DVD, e eu emputecido da vida com aquelas músicas.
Mais anos se passaram, veio a paternidade junto, e de repente você começa a se permitir ouvir aquelas coisas que você julgava não tão boas ou “horríveis”, e ai você passa a amar aquelas músicas. Os flashback dos “véio” passam a fazer sentido para você, você está menos “trevoso”. Anos se passam novamente, e junto alguns fios de cabelo branco precocemente, e você acaba percebendo que tudo não passou de um momento na sua vida. Que aquelas bandas tão odiadas por você, não eram ruins, mas sim você e sua mente pequena por conta daquele cabresto que você mesmo colocou. Ainda não gosto de algumas bandas, outras virei fã. Faz parte, tá tudo bem!

Os anos passam, e você percebe que não existe um estilo único de música que é perfeito. Mas que existem estilos perfeitos ou adequados para cada fase da sua vida. E tem tanta coisa boa ainda por vir… Basta abrir a mente, e se libertar dessas correntes que te aprisionam num mundinho que não existe, mundinho esse onde só você tem razão e sabe o que é bom.

Liberte-se! Permita-se!

Hoje nós temos a internet, usemos ela então para buscar e ouvir coisas novas, (mesmo que sejam coisas antigas, mas novas para nós por só ter conseguido encontrar hoje algo de 1900 e guaraná de rolha, porque naquela época não tinha essa tal de internet que te trás tudo com um clique)

Apreciemos a boa música, independente do gênero musical.
Viva a musicalidade e todo o poder que ela tem!
Viva sua fase musical da vida sem se importar com a dos outros.
Apenas viva. Apenas música. Viva música. Música vida.

Um abraço!




Baú do Rock

About the Author: Leonardo Fiod

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