Rock in Rio – Guns n’ Roses faz show cheio de hits, longos improvisos de guitarra, homenagens a Rainha e a Ucrânia

Repertório abrange várias fases mas prioriza “Appetite for Destruction”

Foto de divulgação postada no Instagram oficial do Guns n’ Roses (A banda não autorizou fotos do show)

Sem os atrasos marcantes de edições passadas, o grande headliner da noite desta quinta (8), Guns n’ Roses, foram pontuais, da mesma forma que agiram ao se apresentar depois do The Who, da última vez no festival em 2019. Parece que esta fama de atrasado definitivamente ficou pra trás.

Mantendo o status quo, o grupo inciou sua apresentação com a dobradinha “It’s so easy” e “Mr. Brownstone”, abertura do setlist que já foi adotada há um tempo no repertório dos shows. Algo estratégico onde, provavelmente, essa escolha é uma opção técnica para ir aos poucos aquecendo a voz de Axl sem exigir mais potência vocal e notas agudas em um momento que ele ainda está frio, afinal, essas são duas canções onde o vocal transita por uma região mais grave e confortável. A voz de Axl que sempre vira tema a ser observado e analisado, obviamente não é mais a mesma dos anos 90 quando tinha toda sua vitalidade juvenil. O tempo, a idade e principalmente os excessos de uma vida de “Rock Star” deixam suas marcas. Já era esperada uma apresentação com as limitações vocais que fizeram Axl até cancelar recentes apresentações. O vocalista chegou a pedir desculpas no twitter após o show do Rio, alegando uma tosse que estava comprometendo ainda mais sua performance. Mas apesar disso tudo, fica a bela lição do empenho e dedicação de um Axl que é um grande guerreiro, que mesmo com todas adversidades se entregou para dar o melhor que pode. A satisfação de ver uma lenda do Rock como ele em um showzão de uma banda clássica cheia de hits já é mais do que o suficiente para valer muito a pena.

Pedido de desculpas postado pelo vocalista (Print – Reprodução Twitter Axl Rose)

Naturalmente, os pontos mais altos do show que levaram a cidade do Rock inteira a vibrar numa intensa catarse coletiva foram nos grandes hits como “Welcome to the Jungle”, “Sweet child o’ Mine”, mas outros sucessos também empolgaram bastante o publico como em “You Could be Mine”, “Civil War” e “Nightrain”, esta última que eles guardaram para o final da primeira parte antes do bis. Outros grandes momentos que emocionaram foram nas longas baladas de piano como “Estranged” e “November Rain”, assim como em alguns covers que foram gravados e lançados como faixas de trabalho pelo Guns n’ Roses, músicas tão intimamente incorporadas ao repertório deles que praticamente já podemos considerar como “música deles”: são elas a canção de Paul McCartney & Wings “Live and Let Die” , assim como a versão de “Knocking on heaven’s door” , canção de Bob Dylan, onde sempre rola uma interatividade entre Axl e a plateia no refrão final com o público instigado a cantar repetindo os versos cantados por Axl.

Reprodução Youtube – Vídeo do G1

Homenagens a Rainha e a Ucrânia: Durante a apresentação de “Knocking on heaven’s door” o figurino de Axl com a bandeira britânica em sua cartola e em sua camiseta, prestavam tributo a Rainha Elizabeth que nesta mesma quinta feira (8) estava batendo na porta do céu. Outra homenagem em forma de apoio foi a bandeira da Ucrânia exposta no telão com manchas de sangue durante a execução de “Civil War”, momento que trouxe aplausos respeitosos e solidários da plateia.

Print – Reprodução Twitter Central de Fãs Axl Rose @axlrosefanpage_

Outros covers e versões que  rolaram nesta noite foram “Slither”, canção do Velvet Revolver (banda da qual integraram Duff, Slash e o ex-baterista Matt Sorum, durante o período em que estiveram fora do Gn’R) e uma bela versão acústica, intimista e instrumental de “Blackbird’ dos Beatles que rolou tocada em 3 violões durante a introdução de Patience, já durante o bis.

Longos improvisos de solos de guitarra rolaram principalmente na introdução de “Double Talkin’ Jive” e no meio da canção “Rocket Queen” quando Slash solou de todas as formas possíveis, com palheta, sem palheta, com slide, com talk box, em uma versão extendida que parecia não ter mais fim. Da mesma forma, no momento que a banda foi apresentada por Axl, Slash fez um longo solo em cima de uma base instrumental até chegar na introdução de “Sweet child o’ Mine”. Apesar de passearem por quase todas as fases da banda, o repertório foi mais focado em canções do clássico “Appetite for Destrucción”, mas também teve espaço para alguns singles dos álbuns duplos “Use your Illusion”, a faixa título de “Chinese Democracy”, “Patience” do EP “Lies” e os mais recentes singles lançados este ano como “Absurd” e “Hard Skool” que foram recebidas de forma mais fria pelo público em comparação com os grandes clássicos.

Para o bis eles sabiamente guardaram as baladas “Patience” e “Don’t Cry” que foram muito bem recebidas como um momento de refresco para um público que já estava cansado depois de um dia intenso de Rock, mas que apesar da exaustão, não queria ir pra casa. Após as baladas, os primeiros acordes de “Paradise City” confirmam que o show estava chegando ao fim, uma vez que esta já sempre foi tradicionalmente a canção que finaliza todos os shows da grupo de Axl, com um apoteótico final mais do que feliz! Falando em feliz, esse é o sentimento que define esse show: a felicidade estampada nos rostos de quem presenciou esses veteranos do hard rock em atividade após 3 anos sem grandes festivais, muitos pais e filhos juntos, várias gerações diferentes que ao ouvir a última frase “take me home” da letra de “Paradise City”, voltarão felizes pra casa por terem o privilégio de viverem este momento no paraíso da cidade do Rock.

Baú do Rock

About the Author: Tomaz Sussekind

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